Outono

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10 de set. de 2012

Meio ano de Alemanha!

No sábado dia 8 completamos 6 meses aqui na Alemanha. Às vezes parece que a gente já mora aqui há mais tempo, às vezes parece que a gente chegou ontem.

E tanta coisa rolou nesses 6 meses! E no final foi tudo tão diferente do que a gente imaginava. Foi tudo bem melhor do que a gente imaginava, na verdade. Deu tudo tão certo (e continua dando) que às vezes é difícil acreditar. Claro, tivemos alguns momentos não tão bons, algumas ansiedades, preocupações, mas foram bem poucos. E tem também a saudade das pessoas que deixamos no Brasil, que muitas vezes aperta... Principalmente pro Marcelo, que deixou toda a família lá. Eu ainda tenho família aqui, minha mãe já esteve por aqui me visitando, agora chegou minha tia, logo vem minha prima... Mas pra ele com certeza é tudo mais difícil. Além da língua, que é complicada e ele tem que aprender. Ele está se esforçando, batalhando, e eu tenho certeza que uma hora ele chega lá. Mas com só 2 meses e meio de curso ainda é tudo muito difícil. Mesmo com tudo isso ele está feliz, curtindo a vida nova.

Aliás, estamos todos curtindo essa vida nova. São tantas coisas diferentes pra experimentar, conhecer, aprender! Comidas, caminhos, cultura, pessoas... E devagar a gente vai se acostumando. A Marina já não tem mais medo de andar sozinha por aí. Já perdeu o medo de assalto. Essa semana mesmo ela me disse:

- Mãe, lembra quando a gente se mudou pra cá, que eu tinha medo de dormir nessa casa porque não tinha grade nas janelas nem guarda passando na rua? Engraçado, não tenho mais. Eu já entendi que aqui a gente não precisa ter medo como no Brasil.

Ela também está se tornando uma pessoa mais segura, sem medo de enfrentar desafios.

O Rafa começou a falar várias coisinhas em alemão, e às vezes em casa ele prefere falar essas coisas em alemão. Me parece que ele está tentando treinar, ou que ele acha bonito, sei lá. Pra toda pessoa que ele vê na rua ele diz "Hallo". Duro é que a pessoa muitas vezes engata o maior papo com ele e ele fica falando "Ja, ja" (sim, sim) e a pessoa fica crente que ele entende tudo. Aí a pessoa se despede e vai embora sem nem saber que daquilo tudo que ela disse o Rafa entendeu quase nada, hehe!

Mas na hora da bronca ele ainda fala que não quer mais nem pai, nem mãe, nem Marina, que ele vai é ir morar com a vovó no Brasil.

E eu, minha gente, como me sinto depois de 6 meses aqui? Eu ando me sentindo a mais alemã das criaturas. Eu estou amando tudo, a organização, a consciência, e até a simpatia dos alemães (sim, quem me disse que os alemães são antipáticos me enganou). E eu estou convivendo com uma cultura que fazia parte de mim mas que eu nem conhecia. E eu notei isso no domingo passado, quando voltei do mercado de pulgas e peguei um daqueles livros infantis que eu comprei pra dar uma olhada. Era um livro com poemas, histórias e músicas de natal, com ilustrações lindas! E eu comecei a chorar que nem doida de folhear o livro e ver nele as letras das músicas que eu sempre cantava no natal com os meus avós. É muito estranho estar aqui, falar a língua que eu aprendi primeiro na vida e que estava esquecidinha, sem uso dentro de mim, e encontrar um livro desses na esquina de casa pra vender baratinho...
É estranho quando eu vejo um corvo, que aqui tem de montão e eu acho um pássaro lindo, e que sempre fazia parte das histórias que eu escutava quando era criança.
É estranho encontrar com um Schornsteinfeger (que é um cara que tem por profissão limpar as chaminés das casas e que nos meus livros de criança sempre andava sujo de preto por causa da fuligem) na rua, bem do jeito que eu via nos livros, sujo de fuligem.

Enfim, eu estou conhecendo de verdade a cultura que faz parte da cultura da minha família alemã de pai e mãe, que se manteve forte por duas ou três gerações de descendentes de alemães que moram no Brasil e fizeram questão de continuar com tudo isso, passando essa cultura pros filhos. A mãe da minha mãe já nasceu no Brasil mas criou os filhos como alemães sem nunca nem ter conhecido a Alemanha. Minha mãe se casou com um filho de alemães e os dois criaram a gente também dentro da cultura alemã, e ela também não conhecia a Alemanha até outro dia... Eu estudei em uma escola alemã, tinha amigos descendentes como eu... Eu vivi uma vida bicultural e isso com certeza faz com que eu me sinta em casa aqui também.

Mais fácil pra mim, pras crianças tranquilo, pro Marcelo nem tanto... Mas assim a gente vai levando e procurando criar raízes nessa nova pátria que a gente escolheu. Ainda tem muita aventura e descoberta pela frente, e por enquanto estamos assim, felizes!!!!





9 comentários:

sou Bárbara disse...

Parabéns pelos 6 meses de Alemanha Dani!! Que bom que as coisas todas estao se ajeitando pra vocês!! Entendo perfeitamente essa sua descricao de quando chegou aqui foi se identificando com as pequenas coisas dessa cultura na qual a gente foi criada, mas que muita gente no Brasil nao entende, porque é diferente. Eu também volta e meia associo muito da cultura com coisas que ouvi falar, que já li em livros e histórias que minha família contava... É um sentir-se em casa, mesmo estando longe de casa!
beijos

Vanina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vanina disse...

AH, que legal! Fiquei olhando todos os dias pra ver uma postagem nova, e hoje QUASE fui a primeira a fazer um comentário! Meu pai acertou quando me mandou o link para o teu blog e disse: "olha lá, tu vai como tu tem em comum com essa moca" (com cedilha, que falta nesse teclado, desculpe). Como tu, eu voltei para o país dos meus antepassados, e pelos mesmos motivos listados por ti numa das postagens. Sei exatamente como é isso de ser criado como estrangeiro no Brasil. Minha mae de mudou pra o Brasil aos 13 anos, casou cedo e nos criou como Finlandeses num país onde o bonito é ser esperto. Imagina tudo pelo que passamos até aprender como se virar. E entendo perfeitamente o que a Marina sente sobre nao precisar ficar com medo. NO Brasi la gente vive com medo de tudo (assalto, futuro, falta de atendimento médico...), entao é estranho sair na rua aqui podendo carregar a bolsa. Cada vez que me dou conta disso fico feliz. Eu também trouxe um marido Brasileiro, e pra ele as coisas nao sao tao fáceis, principalmente por causa da língua. Abraco e tudo de bom pra voces!

Eliane Felisbino disse...

Dani, me emocionei lendo seu post. Fico muito feliz em vê-la feliz, amiga. A foto da família está d+. Parabéns e que Deus continue a abençoar sua família. Bjs.

Sabrina disse...

Faz um tempinho, pensei nessa coisa de duas culturas... foi na época das Olimpíadas, com bandeiras tremulando por toda a parte...

Quando vejo a bandeira alemã, penso em meus antepassados, na minha própria história de vida... sinto orgulho de fazer parte dessa cultura... é uma sensação boa.

Mas só a bandeira brasileira me emociona de verdade, só ela me aquece o coração. Somente o hino nacional brasileiro é capaz de me levar às lágrimas.

Difícil explicar...

Um beijo da prima

Ariel Martins disse...

Você aí aproveitando o verão e eu torcendo pra que o inverno chegue logo e infeste seu blog com as lindas fotos hehe


Abração Dani.

Saudade

Thays Troncoso disse...

Oi Dani, fiquei imensamente emocionada em ler o seu post!
Fico muito feliz em saber que vcs estão bem e felizes na Alemanha.
Desejo do fundo do meu coração que Deus continue abençoando vc e sua família e que vcs consigam realizar todos os sonhos.
Beijos e saudades
Thays

Je disse...

Dani

Que bom que está indo tudo melhor que vc esperava!
Fico super feliz por vc!
Beso

Je disse...

Ah, esqueci de falar um coisa no comentário anterior: Essa foto me lembrou a Grande Família!
Mostra bem a felicidade de vcs!