Outono

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7 de mai. de 2012

Primeiros dias de aula do Rafa


Pois é, quarta-feira dia 2 de maio foi o primeiro dia de aula do Rafa.

E olha, eu pensei que ia ser fácil. Que ele ia adorar! Pois no Brasil, com 1 ano e meio ele foi pra escolinha e foi a única criança que não chorou. Curtiu desde o primeiro momento.

E aqui não foi bem assim. Fomos nós na quarta-feira pra escolinha dele, que fica a meia quadra de casa. A escola é linda, de verdade. Não dá nem pra explicar!

Chegamos e fomos direto pra classe dele, no segundo andar. A professora nos recebeu e ele foi logo brincar. A professora havia pedido que eu ficasse com ele em classe o dia todo nesse dia. Havia mais três mães pois outras três crianças também estavam começando naquele dia.

E o Rafa logo já achou a cesta de carrinhos, elegeu um e ficou brincando, sozinho, na dele. Mas daí logo ele correu de novo pra mim. E brincava e voltava pra mim. As 9:15hs haveria a roda do dia, quando a professora se senta com eles em roda e faz alguma atividade e nesse dia foi um aniversário de um menino. As professoras serviram bolo e água (com gás) pras crianças, eles cantaram parabéns e comeram. Até aí tudo lindo, o Rafa ficou sentadinho, comeu o bolo, mas quando terminou de comer já saiu correndo da mesa e foi brincar. As crianças todas continuaram na mesa, menos ele. Tentei fazer ele voltar, mas que nada! Depois as crianças foram liberadas pra brincarem de novo.

Aqui é muito doido, as crianças ficam soltas na escolinha. Elas podem circular livremente, ir em qualquer sala, brincar com crianças mais velhas, mais novas... Só tem essa roda na qual eles discutem algum assunto, ou a professora explica o que pretende fazer no dia, mas no geral eles ficam à vontade. Cada sala tem uma temática, a do Rafa é cheia de blocos de montar, quebra-cabeças, carrinhos, jogos. A outra é um teatro, é a sala da fantasia, com casinha, cozinha, fantasias, tudo pra brincar de faz-de-conta. A terceira é o atelier de arte, cheia de papéis, tintas, lápis, giz, as crianças podem pintar na parede, mexer com água... E a quarta é uma sala cheia de madeiras, sucata, pras crianças criarem, inventarem coisas.

Cada turminha (são 4, de acordo com a idade) vai pra sua sala na hora da roda da manhã, mas antes disso eles circulam por toda parte, menos lá fora. Depois da roda da manhã eles descem pro refeitório e comem. O refeitório parece um restaurante de gente miniatura. Tem as mesinhas com flores em cima, água pra tomar, no meio tem o buffet, com quadradinhos de pão com frios, frutas cortadinhas e sucrilhos. As crianças (todas, até as menores) pegam seus pratinhos e se servem sozinhas, sentam a mesa e comem bonitinhas. Quando terminam levam seus pratinhos ou potinhos pra bancada de louça suja. Quando acaba uma garrafa de água (de vidro!!!!) em cima da mesa, eles mesmos colocam a garrafa vazia no engradado de garrafas vazias e pegam uma nova e abrem. É impressionante ver como as crianças aqui são independentes! É outra criação!

Aí o que o Rafa faz logo no primeiro dia no refeitório? Pega um pãozinho, tira o queijo de cima e come, e sai correndo lá pra fora, de sapatos de ficar dentro da escola! Sim, porque aqui quando a criança chega na escola primeiro tem que ir no closet da classe dela tirar o casaco e colocar o sapato de ficar dentro, pode ser um crocs ou uma pantufa. Pra ir lá fora tem que colocar o casaco e o sapato de ir lá fora. E o Rafa saiu correndo comendo só o queijo do pão e ainda usando o sapato de ficar dentro! Foi um choque! A professora foi correndo buscar ele e ele fugia dela. E eu queria me esconder!

Enfim, passado esse momento do refeitório, as crianças voltam pra brincar onde querem e ele ficou na classe. Aí lá pelas 10 e meia eles vão todos pra fora. As professoras ajudam todos a colocar os sapatos e casacos, fecham as classes e todos saem. E lá fora é uma delícia, tem mil coisas pra fazer. Mas meu filhote não me larga. Aí ele correu, brincou, se estranhou com dois meninos e às 11 e meia fomos pra casa. Ele estava exausto! Acho que ele chega a ficar estressado com tudo isso, sabe?

E na quinta foi mais ou menos a mesma coisa, só que na hora da roda da manhã eu não fiquei na classe. Depois a professora me disse que ele ficou correndo e pulando pela classe na hora da roda, que ele não ficou sentado como os outros. Depois não quis comer e eu nem insisti, melhor não repetir o feito do dia anterior, né?

Na sexta eu fiquei fora da classe na hora da roda e depois, quando ele estava lá fora já, eu disse pra ele que eu ia pra casa. Ele disse que tudo bem, e eu fui. Voltei depois de meia hora e quando cheguei ele estava chorando no colo da professora e a diretora desesperada procurando meu telefone pra me ligar. Disseram que ele chorou a meia hora toda! E fomos pra casa!

Hoje algumas coisas já foram melhores, ele ficou quietinho na hora da roda, pelo que a professora me disse. Ele não se encrencou com ninguém. Ele comeu dois pedaços de pão antes de ir brincar lá fora. Mas não me largou mesmo, com medo que eu fosse embora de novo. Na hora de ir brincar lá fora queria vir pra casa, acho que por medo de eu sair de novo quando ele estivesse brincando. Eu acho que na sexta por mais que eu tivesse falado 3 vezes pra ele que eu estava indo pra casa, ele não entendeu, e se sentiu abandonado, tadinho!

Eu sei que isso tudo está sendo difícil pra ele principalmente por não saber nada de alemão. As vezes ele reage bravo com as crianças, bate, porque ele sempre acha que estão brigando com ele, ele não entende as crianças nem consegue se fazer entender. Os costumes das crianças são outros e ele não conhece as regras ainda. Ele ainda não é tão independente. A professora não é tão atenciosa e carinhosa como era a do Brasil.

E a gente sabe que toda adaptação no começo é difícil, e estamos confiantes de que já já ele vai estar mais enturmado, entendendo melhor as coisas e devagarzinho aprendendo alemão. E em casa também estamos trabalhando a independência dele, ele já está tomando suco no copo aberto, já está indo sozinho ao banheiro, está comendo sentadinho na mesa, coisas que antes ele não fazia, por culpa nossa, de continuar tratando ele como bebezinho.

Finalizando, eu sei que vai passar e fico feliz de poder estar dando toda a atenção que ele precisa e acompanhando esse recomeço de perto. Mas que meu coração de mãe tá apertadinho, ah isso tá!

4 comentários:

marlene disse...

Oi Dan,
Que peninha do Rafa!!! Ele deve estar assustado, mas logo ele se acostuma.
E vou gostar muito de conhecer essa escola e a da Marina também!
Afinal, até hoje, conheci as escolas de todas as nossas crianças, não é? rsrsrsrs....
bjs

Silvia disse...

Ai Dani! Eu fiquei com uma dózinha dele... imagine vc vendo a carinha dele? Mas vai passar!
Eu gostei desse negócio de as crianças daí serem mais independentes. Observa tudo aí e me conta como funciona para eu aplicar na minha neném quando ela estiver na idade certa. Beijo!

Eliane Felisbino disse...

Ai, Dani, mas, ele é tão bebezinho...rs. Coisas de mãezonas do Brasil.
Meu apoio integral ao Rafinha.
Bjs.

Je disse...

Tadinho dele, tudo muito diferente né?
Mas acho que ele vai entendendo aos poucos e se adaptando.
Beso